A importância de Maya Angelou (#MulheresCrânio)


Em 4 de abril de 1928 nasceu no Missouri (EUA) a ativista, poeta, performer, professora, atriz, diretora e (muito mais!), Margaret Ann Johnson, conhecida internacionalmente como Maya Angelou. Ao longo de 86 anos, ela se ergueu da dor que a consciência das violências vividas num mundo tão hostil, e alcançou lugares impensáveis para pessoas como ela (e como nós) do ponto de vista opositor, dialogando, ensinando, expressando fina arte.

Como eu, nascida Negra num país branco, pobre numa sociedade em que a riqueza é adorada e buscada a todo custo, mulher em um ambiente que apenas grandes embarcações e algumas locomotivas são favoravelmente descritas com pronome feminino - como consegui tornar-se Maya Angelou?

(ANGELOU, 2018 - posição 54)

Sua trajetória de vida, relatada em 7 autobiografias de absoluta literariedade, além de ter expandido o gênero com apropriação de elementos do romance, da poesia e música, corporifica as experiências, elabora e traduz as vozes de inúmeras mulheres Negras da diáspora. Não falo isso sugerindo que todas nós nos identificamos estritamente com a sua história, mas com a compreensão, a observação de que "o amor, não como sentimentalismo, mas como uma condição forte que pode muito bem ser o que mantém as estrelas em seus lugares no firmamento e faz o sangue fluir disciplinada mente por nossas veias" (ANGELOU, 2018, posição 62) é indispensável.

Por mais que uma das primeiras referências sobre ela sejam a sua dolorosa autobiografia, a superação que ela representa não é uma corriqueira ideia de motivação ou positividade; é a inspiração que finca raízes na consciência, por sua vez, alimentada pela dignidade que o amor, não apenas cura, como ensina.

Dra. Maya Angelou

Com a separação dos pais, aos três anos de idade, ela e o irmão mais velho, Bailey, foram mandados para a casa da avó paterna de trem, sozinhos. Neste lar, não tiveram o "amor convencional" de beijos e abraços, mas consolidou-se a base para uma autoestima saudável, senso de dever, companheirismo, respeito e autoconfiança. Bailey foi uma figura muito importante, afetivamente, aconselhava, ouvia e desafiava:

Aprenda tudo: guarde no cérebro

Segundo Angelou, no documentário "E ainda resisto", essa frase, bem como a certeza da sua avó de que ela seria uma grande oradora, preconizou uma das habilidades mais marcantes da autora: a capacidade de memorizar obras inteiras e ainda declamar com uma vivacidade particular, mesclando fala, atuação e cânticos.

Em 1993, Maya recitou ‘On the Pulse of Morning’ na cerimônia de posse de Bill Clinton, algo que não acontecia desde 1961, quando Robert Frost recitou na posse de John F. Kennedy. Bem antes disso, aliás, ela lutou pelos direitos civis conversando com lados opostos de Martin Luther King e Malcolm X, conheceu vários países do continente africano e se estabeleceu em Gana, onde trabalhou como editora dum importante jornal e professora universitária.

Suas conquistas são incontáveis para um texto tão curto como este, mas podemos afirmar que a importância de Maya Angelou, assim como de sua obra, transcende os campos da arte, da política, e da ideia corriqueira de sabedoria.

Se bell hooks reafirmou que "O amor cura", Dra. Maya Angelou vivenciou isso, passando pelo silêncio, e transformando a linguagem e ação. Ela vivenciou, escreveu e instruiu a  todas nós, nos direcionado ao caminho dum amor e respeito tão profundo que se consolida como dignidade.

Fonte: O Pensador

SOBRE MULHERES CRÂNIO
Com o intuito de enaltecer mulheres que não tiveram suas conquistas devidamente declaradas na sociedade e, pensando em todos esses séculos de invisibilidade, a Editora DarkSide nos convidou para a Campanha Mulheres Crânio. O selo Crânio é voltado para os livros de não-ficção cujos temas nos fazem pensar sobre questões sociais como gênero. Dito isso, estamos empolgadas com o próximo  lançamento do selo, Inferior é o Car*lhø, da jornalista Angela Saini ainda este mês!


TEXTOS CITADOS
hooks, bell. Vivendo de Amor. disponível em: https://goo.gl/uGWjHV
LORDE, Audre. A Transformação do silêncio em linguagem e ação. Disponível em: https://goo.gl/wsGTUa

OBRAS CONSULTADAS

ANGELOU, Maya; BASQUIAT, Jean-Michel. A vida não me assusta. Rio de Janeiro: Darkside Books, 2018.Trad. Anabela Paiva.
ANGELOU, Maya. Mamãe & Eu & Mamãe. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2018. Trad. Ana C. Mesquita.
Documentário: "Maya Angelou: E ainda resisto". Dirigido por Bob Hercules e Rita Coburn Whack. American Masters/PBS, 2016. (DISPONÍVEL NA NETFLIX)

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