Jogando: TALES FROM THE BORDERLANDS (Episódio 1)

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Fiona e Rhis: os principais personagens jogáveis

Tales from the Borderlands (PC, Xbox One, PS4) é um  jogo episódico produzido pela TellTale Games. Ele segue o estilo de cartunesco focado na narrativa na qual exploramos o cenário e tomamos decisões cronometradas como The Walking Dead (TellTale) e Life is Strange (Square Enix). Diferente destes últimos jogos, Tales from the Borderlands é uma aventura de comédia e ação. 

Diferente de Life is Strange, há elementos pontuais para interagir em cada cenário além de momentos em que é necessário atirar,  mas os personagens geram grande identificação. O ponto alto, aliás, é a construção de personagens e a trilha sonora, mas quem é fã de Mad Max provavelmente amará a ambientação e a interação com os personagens não-jogáveis.

Primeiro Passo: conhecendo o Rhys


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Num primeiro momento assumimos a pele de Rhys, um típico anti-herói sortudo que trabalha para a corporação Hyperion. No momento em que acredita que será promovido, Rhys é sabotado pelo novo chefe Vasquez, um chefe arrogante que faz questão de ser seu inimigo desde o primeiro contato.


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Essa corporação controlada por Vasquez mantem o controle do planeta Pandora numa estação espacial. Esse poder moral e tecnológico da Hyperion faz da corporação uma instituição odiada pelos cidadãos de Pandora, de modo que o episódio inteiro será permeado de piadas sobre isso.


Vasquez faz questão de ressaltar sua masculinidade, como se suas atitudes desleais fossem uma especie de "evolução da espécie"


Toda a interação com Vasquez é marcada por opções pouco afáveis, então já identificamos Rhys como uma pessoa que se não tem medo de se arriscar e é incapaz de performar atitudes resignadas. Apesar disso, você pode conduzir suas atitudes para uma ética mais ou menos leal com as pessoas próximas.


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A barra de tempo em vermelho e todas as opções (exceto o silêncio!) conduzem o personagem a agir "à altura"

Um personagem não-jogável (NPC) que nos acompanha por todo o episódio é o melhor amigo Vaughan "o homem do dinheiro" (contador). Ele é o típico sidekick que tem atributos morais e materiais, mas funciona como materialização de tudo o que o protagonista não é. Ele é um tanto covarde, mas faz questão de estar ao lado de Rhys seja qual for a situação.


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A outra melhor amiga de Rhys e de Vaughan é Yvette e é ela quem faz os requerimentos. Toda vez que for necessário solicitar suprimentos e armamentos é ela quem arriscará seu emprego por você. Por mais que ela não se arrisque a ir para a aventura em Pandora, sua lealdade é inquestionável por todo o episódio um. 

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É uma personagem que eu gostaria de ver mais interações, porque em todas as cenas em que aparece ela faz um comentário sarcástico típico de quem observa as cenas. Apesar de ser um estereótipo como personagem não-jogável, quem sabe fosse mais profunda?

Desde os primeiros momentos em que começamos a jogar, já nos ambientamos na perspectiva de Rhys e arrumamos confusão com o povo de Pandora. E aí?

Segundo Passo: O que é engraçado?


As informações sobre Pandora vão sendo mostradas de forma fragmentada e um dos momentos em que isso fica mais claro é numa espécie de Gabinete de Curiosidades. Rhys e Vaughan caminham juntos pelo "museu" e o protagonista analisa as peças com o seu óculos, Neste momento eu comecei a notar certas questões que não passam despercebidas.

São vários os espécimens exibidos, mas me chamaram a atenção especialmente dois: a formiga operária e o braço podre.


Formigaranha racista (?)

A construção dessa análise como se fosse neutra, transmitida digitalmente não questiona o quanto o banco de dados está reforçando uma perspectiva nada engraçada. Veja, se a Formigaranha operária está em seu território, que deve ser normalmente sitiado por companias como a Hyperion, será que elas são racistas por desejar que certas espécies não estejam lá? Elas atacam ou se defendem?  Elas têm um sistema de exploração e desvalorização e uma ideologia a respeito de outras espécies? Infelizmente nada no jogo vai além dessa análise simplificada

braço forte/estimulante masculino? sério?
Outro ponto nada construtivo é a análise completa do Braço podre, um individuo cuja "grande" característica é ter braços fortes e longos. A piada sobre masturbação junto com a lição de Vasquez mostra o público preferencial dos produtores do jogo. A suposta piada com o trivial não leva em conta problemas reais (visivelmente não solucionados neste futuro) como a pornografia que atinge, em sua maioria, mulheres.

Terceiro Passo: as coisas melhoram!


As coisas melhoram quando descobrimos outra célula narrativa. Nela conhecemos nossa nova personagem jogável: Fiona. Treinada desde cedo por um vigarista junto à sua irmã Sasha, ela também está numa sequência que envolve Rhys. Quando passamos à pele dela, vivenciamos outra perspectiva da mesma ação, mas de uma forma surpreendente e ativa.


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Fiona, também é você!

Eu adorei particularmente a customização do menu de escolhas quando passamos a jogar como Fiona. Suas características e personalidade são muito diferentes de Rhys, mas também muito convincente. Sua vulnerabilidade emocional torna a experiência de jogar com ela mais complexa e realista (apesar do plot twist) e faz dela uma heroína que diz as coisas certas.

Apesar de a maioria das pessoas que encontramos em Pandora hostilizar Rhys por ser da Hyperion, Fiona é a única pessoa que diz com firmeza a Rhys que as privações que sofrem e até mesmo o fato de ser uma vigarista são reações a exploração de Hyperion. Ele visivelmente nunca havia pensado nisso, mas dali para frente parece que a noção do privilégio foi marcante.


Outra personagem que dá sentido ao jogo é a Sasha, irmã mais nova de Fiona. Elas são muito diferentes e se completam nas ações. Enquanto Fiona privilegia a espontaneidade, Sasha é mais observadora e sarcástica. A união das duas pela sobrevivência transmite uma mensagem importante sobre amizade, que vai além do simples fato de serem irmãs aparentemente órfãs.

Apesar de Sasha não ser muito direta sobre o que pensa, ela tem em comum com a irmã a ideia de que Rhys é muito vaidoso e pouco apto para sobreviver em Pandora. Achei particularmente engraçada a passagem em que ele se propõe a matar um vilão, mas não consegue. A masculinidade ferida é experienciada quando nós estamos jogando com ele.

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Quarto Passo: Ação!


Depois de tantas reviravoltas no roteiro (e de encaixes perfeitos de azar) somos lançadas numa arena no maior estilo Mad Max para lutar ou fugir. Os vilões mascarados estão loucos para ver nossa equipe morrer dolorosamente, mas uma sucessão de ações com direito a cutscenes lendárias e ping pong de Rhys para Fiona, que se separaram logo no começo. 


A interação em ambas as perspectivas traz efeito dramático e de ação e, finalmente, mostram em que resultou nossas escolhas lá no início.

Em suma, esse jogo é muito divertido! Vale a pena dar uma chance para o primeiro episódio (grátis). A história é convencional, assim como a estética, o que nos absorve com facilidade. As mudanças são tão absurdas, as vezes, que nos instigam a continuar. Eu joguei em cerca de três horas e fui somando conquistas generosas só por continuar. 

Resultado das minhas escolhas: estou na média. rs

O primeiro episódio tem a história bem amarrada e fecha com estatísticas sobre as escolhas comparadas à dos demais jogadores. Fiquei bastante surpresa e interessada em saber o que outras pessoas pensaram sobre o jogo, além de que é hiper divertido. Compartilha comigo o que você achou do jogo!



Confira o trailer do episódio:



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