4 Motivos pra assistir Harlem agora!

As protagonistas de Harlem, da esquerda pra direita: Quinn, Tye, Camille e Angie


Por Anne Quiangala

Harlem é uma série de comédia, original da Amazon Prime, lançada em 2021. No formato que consagrou Sex and the City, Harlem foca a experiência e desafios cotidianos de quatro mulheres negras que são uma rede de suporte emocional, diversão e pertencimento. Embora essa rede de amor seja o substrato de todos os episódios, bem como o humor otimista, é fato que os temas difíceis são bem discutidos.

Tal como o modelo, Harlem peca bastante no modo caricatural de representação de experiências de mulheridades (no caso) negras diversas, mas isso não é tudo. A atenção aos detalhes, fragilidade e os desafios na vida amorosa dão um equilíbrio interessante. Sobretudo porque as personagens representarem os modelos de Sex and the city (que eram todas não-negras) passa a ter implicações importantes baseada no combate diário aos estereótipos sobre feminidade negra, solidão afetivo-sexual, realização profissional e o processo de tornar-se sujeito.

Motivo 1: Camille

A protagonista da série, Camille, é uma professora assistente na Columbia, e leciona uma disciplina sobre sexo. Além de bonita, bem-vestida, Camille é nerd e descolada. A voz narrativa representa a sua perspectiva, mesclando um amor pelo Harlem à um olhar crítico sobre a condição da mulher negra num mundo em que a prateleira do amor é elencada pelos desejos, inseguranças e lógicas dos homens. Condicionada pela perspectiva de “excelência” em todas as áreas da vida, Camille mostra pra gente os dilemas, angústias e desafios de ser preta e acadêmica.

Motivo 2: Angie

Angie é uma personagem amável, talentosa e espontânea. Residindo com sua amiga rica Quinn, ela está saindo de um luto após quatro anos da assinatura do contrato com a gravadora. Acompanhamos seus dilemas com a arte, a experiência de pigmentocracia, as imagens de controle pesando amplamente, e sua resistência. Embora ela seja uma das mais estereotipadas do grupo (sempre dançando, cantora, sexualmente disponível, super espontânea….), ela carrega um carisma que me fazem torcer pelo seu desenvolvimento e querer ver mais tempo em tela!

Motivo 3: Tye

Um passo além de Sex in the City é ter uma personagem lésbica. Tye é uma empresaria bem-sucedida da área tech e segue o estereótipo da conquistadora e devoradora - ao menos, inicialmente. Com o passar dos episódios, vemos mais dos sentimentos, vulnerabilidade até o episódio em que discute-se o estereotipo da mulher negra forte a partir da resistência de Tye a reconhecer que sua dor precisava de uma maior atenção. A personagem é carismática, inteligente e uma amiga leal que encoraja e dá suporte, mas é exatamente o modo como ela coexiste naquele grupo hétero que enfraquece a representação de lesbiandade: ela só fala de “pau” ou das conquistas sexuais, e isso não é uma imagem muito representativa.

Motivo 4: Quinn

Quinn é uma mulher talentosa, sensível e em busca de amor. Entretanto, o fato de ter pais ricos faz de seus desafios completamente diferentes das demais amigas. Esse contraponto é bastante positivo, porque ela não é apenas uma “pobre menina rica”, mesmo quando as amigas a tratam dessa forma. A personagem resiste a rótulos simples a cada vez que demonstra empatia, sensibilidade e abertura para olhar as outras pessoas. Pode não ser tão interessante num primeiro momento, a “estilista sustentável”, porque é construída visualmente pra parecer superficial e “excessivamente sofisticada”, mas à medida que ela se permite, vai se tornando interessante também, tanto como as outras, a ponto até de nos identificarmos com algumas partes dela!

Conclusão

Embora seja uma série de comédia muito focada em experiências sexuais, Harlem é comprometida em representar a experiência diversa de mulheres negras a partir dos moldes prefigurados por Sex and the City. Se por um lado, as personagens podem parecer sem substância, por outro, a narrativa em si e a fotografia apresentam texturas que nos deleitam. Ao combinar clichês de comédias românticas otimistas, com o realismo da experiência negra contemporânea (referências, questionamentos, perspectivas, anseios, gentrificação e imagens de controle), a série apresenta um ótimo lugar de conforto - é claro, entre rompimentos e continuidades. Mas é fato que cada perspectiva, cada personagem representa um motivo pelo qual você precisa dar uma chance pra Harlem agora!


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