Artistas Pretos #CCXP22 (parte 1 de 5)

Arte: Edson Bortolotte (@edbortolotte)

 Por Anne Quiangala e Thiago Carneiro


Assim como o Preta, Nerd & Burning Hell foi idealizado por Anne Quiangala como um espaço de discussão sobre cultura pop, gamer e nerd com uma perspectiva crítica, o Afronerd é um conceito desenvolvido por Thiago Carneiro, após a percepção da pouca representatividade negra no meio nerd. A invisibilização de cerca dois terços da população brasileira não ocorre apenas na esfera da produção de conteúdo digital, ou na crítica especializada, mas é particularmente perceptível no universo das artes visuais e nas áreas de criação, dentre as quais, destacamos os quadrinhos.

Embora a maioria da população brasileira seja composta por pessoas negras – resultado da soma de pretos e pardos, conforme IBGE – essa realidade não é refletida nos veículos de maior circulação, nas premiações e nem mesmo nas publicações de editoras tradicional. Essa subrepresentação ocorre por diversas razões, que vão desde o racismo estrutural (que dificulta o acesso e a formação profissional) até as relações e condições de trabalho cotidianas. Apesar dessas barreiras, o Brasil é repleto de artistas, roteiristas, equipes criativas compostas por pessoas negras, que produzem quadrinhos com diversos traços, paletas e temáticas. Neste sentido, uma iniciativa importante para viabilizar a publicação de artistas pretes por meio de uma editora especializada foi encabeçada pela PerifaCon em parceria com a Editora Nemo.


O VALE DOS ARTISTAS NA CCXP 2022

A Comic Con Experience (CCXP), o maior evento de cultura pop do mundo (2019) tem como coração o Beco do artistas (Artist's Alley). Após discussões propositivas (público, artistas e produtoras de conteúdo) sobre a baixa presença de mulheres e pessoas LGBTQIAP+ nos anos anteriores, foi visível o aumento de mesas de ilustradores e quadrinistas independentes nas fileiras. Entretanto, a quantidade de artistas negros estava subrepresentada até 2019.

Esse ano, no entanto, o Beco se tornou o Vale dos artistas (Artist's Valley), dando uma ênfase importante à artistas LGBTQIAP+ sem alarde, e foi a edição na qual foi perceptível uma presença marcante de artistas negras, negres e negros. Com uma satisfação imensa, nós – Anne e Thiago – nos unimos para mapear todas as pessoas negras que produzem quadrinhos e expunham seu trabalho na CCXP 2022 e reunir numa lista para que você possa conhecer e consumir suas publicações. 

Nossas plataformas foram criadas com o intuito de falarmos sobre algo que amamos, a arte sequencial, tendo em vista que ela se constitui no mundo social que é desafiador, então nosso compromisso é o de conhecer, divulgar e analisar as obras com a riquezas que elas nos oferecem, além de compreender os processos criativos e celebrar as obras. Nós nos surpreendemos positivamente com a quantidade de artistas, então publicaremos a lista em cinco partes, tanto aqui no blog como nos nossos perfis do Instagram (@pretaenerd e @afronerd)

Ao todo foram 45 artistas no Valley (conforme a Legião dos Heróis, no total foram 484), mas  caso você conheça ou foi um dos artistas que expuseram na CCXP e não estiver na nossa relação especial, nos informe, é muito importante para nós conhecermos todes.

 Vamos então à lista?

 A12-13 Wesley Samp (@westrips.br) 


Anne Quiangala, Wesley Samp e Thiago Carneiro

Wesley Samp produz quadrinhos desde 2007 no site www.westrips.com.br e é criador das séries de webtiras "Cada Um Com Seus Problemas" e "Os Levados da Breca", entre outros. Também é autor dos livros "Um Começo" e "A Última Dança".

 A38 - Dharylia Sales (@dharilya) 


Anne Quiangala, Dharilya e Thiago Carneiro

Dizem que a Dharilya é uma artista que espreita na noite. Dizem que ela caça fantasmas e sua magia é capaz de aprisiona-los em papel. Suas cores são tiradas da sombra da morte e irão assombrar sonhos e cadernos alheios. Dizem que uma bruxa habita sua alma e seu coração é amargo como chocolate. Foi na escuridão que ela criou asas e aprendeu a voar. Dizem que ela estará na CCXP e mostrará toda a magia da sua arte. São apenas boatos, mas só você pode descobrir a verdade.

A39 Faw Carvalho (@fawcarvalho) 


Anne Quiangala, Faw Carvalho e Thiago Carneiro


Faw Carvalho é artista independente, baiana, vivendo em Salvador. Temas como representatividade feminina e negra, memória, mitologias e cotidiano fantástico inspiram seu trabalho artístico. Pós graduada em Artes na UFMG, atua como ilustradora freelancer e possui a própria papelaria autoral, além de lecionar na área. Foi colorista da HQ “Bertha Lutz e a carta da ONU” (Editora Veneta, 2022), ilustrou o livro infantil “O Rei que assobiava” (Editora Passarinho, 2022) e é autora de Sereinha (2018), quadrinho que celebra a cultura afro-brasileira. Foi convidada na 11ª edição do Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ), em agosto deste ano, onde mediou a mesa “Narrativas de Origem”. Em 2021, ministrou a oficina “Quadrinhos e publicações independentes” no Festival Literário Feira de Santana-BA.

B05 - Gleisson Cipriano (@gleissoncipriano) 


Anne Quiangala, Gleisson Cipriano e Thiago Carneiro


Nascido em 1993, nas quase mineiras terras de Franca, Gleisson desenha desde que se entende por gente. Sua bagagem de anime e mangá foi expandida enquanto se graduava em Design Gráfico pela Unesp e também em sua passagem de um ano pela SCAD nos Estados Unidos. Como membro do GAS – coletivo de artes sequenciais da Unesp – ministrou oficinas e palestras, além de atuar como um dos editores das antologias produzidas pelo grupo. Desde 2017, produz HQs e livros independentes no seu projeto pessoal “Sem Raça Definida”, que contam as peripécias de cães e gatos quando seus donos não estão por perto. Atualmente, leciona no curso de Desenho da Quanta, e se dedica à novas empreitadas nos quadrinhos e na ilustração em suas horas vagas – além do contínuo esforço para se manter longe da gastrite.

 B06 - Alexandre Magalhães (@alemaga15) 


Anne Quiangala, Alexandre Magalçhaes e Thiago Carneiro


Alexandre Magalhães é Designer gráfico, Produtor Gráfico no Dep. De arte em audiovisual, Diretor de Arte, Ilustrador e Storyboarder. Se destacam entre seus trabalhos: Rock in Rio (comerciais),os longas-metragens "Encantados",”5x favela (agora por nós mesmos)”, “Aparecida (O Milagre)”, “O Homem do Futuro”, “Mato Sem Cachorro”, Novela “Amor à vida”, “Minha fama de mau”, “O Nome da Morte”, “Simonal”, “Medida Provisória", Série “A Mulher invisível” (as duas temporadas), Série “O Mecanismo”(as duas temporadas), série “Mister Brau” (4ª temporada) e o curta-metragem “Dias e Dias”. Ilustrou o livro infantil: “E agora José? O que você vai ser?” De Rafael Clodomiro (Ed. Casa Cultura) e a história em quadrinhos : "A filha da Mãe” escrita por Tinda Costa (Ed. ITMix).

 B10-13 - Daiandreson Victor (@daiandreson) 


Anne Quiangala, Daiandreson Victor e Thiago Carneiro

Desenhista de Venha a Nós o Vosso Reino (Bruttal Omelete), nasceu em Petrolina-PE, onde escreve e desenha quadrinhos atualmente. Licenciando em Artes Visuais, trabalha como ilustrador e quadrinista desde 2016. Participou do Concurso Internacional Silent Manga Audition. Em 2018, por meio do Catarse, publicou sua primeira HQ impressa: Sangue e Coragem. Produziu a série de tiras Afroboy no instagram desde fevereiro de 2020 e finalizada em 2021, sendo finalista no troféu HQmix na categoria "Novo talento roteirista". Em 2022, escreveu e desenhou uma história para a coletânea "Contos de Griô" e desenhou a hq Ebó 2.222 lançada pela UB Editora.

 B28 - Anderson Awvas (@awvas) 


Anne Quiangala, Anderson Awvas e Thiago Carneiro

Anderson Awvas nasceu no Rio de Janeiro - RJ, vive em Juiz de Fora - MG, é ilustrador, bacharel em design, autor independente de diversos quadrinhos para a web, produtor e criador de conteúdo no projeto Folclore BR: Uma nova visão.

 B32-33 Triscila Oliveira (@soulanja) 


Anne Quiangala, Triscila Oliveira e Thiago Carneiro

Triscila Oliveira, 37 anos, niteroiense, ciberativista feminista antirracista, filha, sobrinha e prima de mulheres pretas, estudante autodidata das pautas de gênero, raça e classe. É a roteirista da hq "Confinada", que combina crítica social, humor e drama, trazendo para o centro a vida real de milhões de pessoas, sendo um marco dos quadrinhos e um retrato único da pandemia e do Brasil.

 B34-35 - Dandara Palankof (@dandarapalankof)


Anne Quiangala, Dandara Palankof e Thiago Carneiro

Além de uma das editoras da Revista Plaf - revista sobre histórias em quadrinhos  - Dandara possui graduação em Comunicação Social - Rádio, TV e Internet pela Universidade Federal de Pernambuco (2013) e é mestre em Comunicação (área de concentração Comunicação e Culturas Midiáticas; linha de pesquisa Mídia, Cotidiano e Imaginários) pela Universidade Federal da Paraíba (2017). Atuou como produtora de conteúdo na Plano 9 Produções; como técnica de audiovisual no Instituto de Tecnologia de Pernambuco - ITEP, tendo sido responsável pela roteirização e produção de vídeos institucionais (eventualmente atuando também em sua edição); e como roteirista do Núcleo de Ensino à Distância da Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE. Atua ainda como tradutora de histórias em quadrinhos. 



Quais artistas você conhecia dessa lista? Conta para gente as obras que você já conhece e quais deseja conhecer! E até a próxima parte!


Agradecimentos

  • Nosso agradecimento especial vai aos nossos amigos fotógrafos Kaique (@nacaomarvel) e Luis  (@luisinho_brito) cujo apoio foi essencial.
  • Gostaríamos de agradecer a cada artista que disponibilizou um tempo para conversarmos e  gentilmente posar para a foto.
  • Anne também gostaria de agradecer à CCPX pelo convite para essa edição do evento.


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