[Resenha] Perdidos no Espaço


Perdidos no Espaço é uma série de ficção e aventura baseada em outra série de mesmo nome que foi ao durante a década de 1960. Produzida pela Netflix, mostra a viagem da família Robinson rumo a Alpha Centauri para criar uma colônia humana enquanto a Terra está condenada a destruição. Entretanto, eles sofrem um acidente e caem em um planeta desconhecido, se perdendo no espaço.




por Anna Gabriela Teixeira
Primeiramente devo avisar que não se trata de uma ficção científica no sentido estrito da palavra, aqui temos fogo no espaço e situações totalmente improváveis do ponto de vista científico. A série faz uso da ciência como mote e brinca com diversos conceitos, mas sua preocupação é o entretenimento não a fidelidade científica, o que não é de maneira alguma um problema, é só entrar no clima.

O “clima” é uma coisa a parte: a série recupera aquela fórmula de uma aventura por episódio. Você não precisa acompanhar todos os episódios para entender o que está acontecendo, em cada um deles há um desafio novo que será resolvido no próprio episódio. Embora o final seja previsível, é divertido acompanhar as soluções encontradas pelos personagens.

Quanto aos personagens, temos alguns estereótipos clássicos: o militar forte e corajoso, a mãe que faz de tudo para proteger a família, a adolescente super inteligente, o anti-herói que diz agir somente em prol de si mesmo mas na verdade tem bom coração, e por aí vai.
Apesar de caricatos, alguns personagens cativam, como os irmãos  Penny (Mina Sundwall), Judy (Taylor Russel) e Will (Maxwell Jenkins), a vilã Doutora Smith (Parker Posey) e o anti-herói  Don West (Ignacio Serricchio).

Um dos personagens principais é o Robô, que se trata de um alienígena encontrado por Will. Robô se torna o melhor e mais fiel amigo de Will, uma relação retratada de maneira muito bonita, não só pelo roteiro, mas pelo surpreendente carisma de Robô. É impossível não torcer por ele durante toda a série, mesmo após descobrirmos mais informações sobre passado.


Mas é justamente no elenco que existem problemas: embora exista alguma diversidade, como a própria Judy que é negra e Don West, interpretado por um ator argentino de traços latinos, e alguns personagens indianos e japoneses, não só não existem gordos no elenco como ser gordo é mostrado como um dos elementos eliminatórios para garantir a viagem a Alpha Centauri: a colônia perfeita criada pelos humanos mais aptos intelectual e fisicamente não tem espaço para gente gorda. Penny inclusive chega a citar este fato nominalmente, ao comentar como no vídeo de propaganda da colônia todas as pessoas são “super saradas”.

Além disso, há um indício de romance entre Judy e Don West. Embora esse romance ocorra na série original, na versão da Netflix Judy tem 17 anos, enquanto Don West tem mais de 30. Embora eu não julgue relações com grandes diferenças de idade, não consigo ver com bons olhos o relacionamento entre uma adolescente e um homem maduro.

Por fim, se você procura um pouco de diversão simples, sem grandes tramas e mistérios e com personagens carismáticos, Perdidos no Espaço é uma boa pedida. Mas se o que você busca é uma ficção científica profunda, com grandes questionamentos, não creio que ela seja a melhor opção.

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