Grown-ish: Primeiras Impressões.

Há um bom tempo atrás vários amigos me indicavam a série Black-ish, falando que era uma excelente comedia e que era centrada em uma família negra. Resolvi dar uma chance quando a primeira temporada entrou na Netflix e confesso que não gostei da série. Os motivos você pode ler nesse texto que eu fiz. E apesar de não ter gostado da série como um todo eu me apeguei a personagem da Zoey. Bateu aquela identificação. Saber que a personagem ganharia um spin-off ao seguir para faculdade me deixou atenta e aparentemente eu não fui a única.

Por Camila Cerdeira

O episódio de estreia da série foi a comedia mais assistia do canal, Freeform, nos últimos 5 anos e meio e a estreia mais bem-sucedida desde o lançamento de Shadow Hunter há dois anos. Com um total de mais de 1,5 milhões de espectadores.

Foram lançados os dois primeiros episódios, Late Registration e Bitch, Don’t Kill My Vibe. O primeiro dividiu um pouco opiniões. Com a obrigação de apresentar a série, os personagens e aquele universo para quem nunca assistiu Black-ish, tudo em meia hora de episódio há de se reconhecer que acabou ficando um pouco corrido demais e sem o aprofundamento necessário para criar empatia.

Especialmente por que os roteiristas decidiram fazer uma homenagem ao filme Clube dos Cinco, que tem um total de 1 hora e 37 minutos de duração. Talvez eu tenha sido pega pelo coração, por que apesar de Breakfast Club ser um dos filmes mais brancos já feitos ele ainda é um dos meus favoritos de infância e por que pela primeira vez estamos tendo séries adolescentes com protagonistas negros que são exatamente isso, séries adolescente. Eu cresci numa adolescência tendo apenas séries teen com protagonistas brancos. A grande exceção é As Visões da Ravens e ela até os dias de hoje possui uma legião de fãs que acompanham seu revival com fidelidade, eu sou uma delas.



Então pela primeira vez em muito tempo fomos postos na posição de protagonistas, não mais de melhor amiga com comentários sarcásticos. Tivemos filmes ano passado como Tudo e Todas As Coisas que me fizeram entender o apelo que adolescentes brancas viam em Um Amor Para Recordar e A Culpa é das Estrelas. E Grown-ish é outra prova disso, é uma série adolescente que não pretende revolucionar o mundo da televisão, mas mostrar que existem lá fora outros jovens ingressando a universidade sem saber como ser adulto além dos brancos. Temos negros, uma judia descobrindo sua bissexualidade e um indiano filho de imigrantes que não consegue esperar a hora de ser rico.

O segundo episódio, Bitch, Don’t Kill My Vibe, justamente por não ter a mesma pressão que o primeiro consegue ser mais coerente e fácil de se identificar. Temos aqui nossa protagonista tendo dificuldade em conciliar a vida social, vida acadêmica e as horas necessárias de sono que um ser humano precisa para funcionar. Qualquer pessoa que tenha feito faculdade por pelo menos um semestre vai conseguir reconhecer esse malabarismo infernal e entender que vez ou outra tomamos decisões questionáveis tal qual Zoey fez no final do episódio.



Grown-ish, pelo menos para mim, conseguiu se manter fiel a sua premissa. Mostrar a vida de uma jovem mulher negra que ingressou na universidade e que não sabe exatamente como seguir com a vida adulta. Não é inventar a roda, não é revolucionar a televisão ou a forma como são narradas historias, é apenas reconhecer que essa narrativa não precisa ser exclusiva de pessoas de pele pálida.
Além do mais, sou extremamente confiante nas produções da Freeform e sei que eles não terão medo de abordar temas mais delicados ou espinhosos, especialmente considerando que a protagonista, Yara Shahidi, é bastante vocal sobre questões de feminismo e movimento negro.


A série começou agora e está prevista para ter pelo menos 13 episódios iniciais, essa é uma jornada que estou disposta a acompanhar. Caso você também esteja e queira contribuir com Preta, Nerd & Burning Hell a vaga para fazer resenha da série está aberta, basta nos contactar pelo email pretanerd@gmail.com ou na nossa page do Facebook.
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